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quinta-feira, 8 de julho de 2010

A redenção do futebol da Espanha

Nestes dias em que perdemos tanto tempo fazendo a malhação do Dunga, falando mal do Felipe Mello e ainda comentando o caso do goleiro Bruno, suspeito de ter mandado matar a sua ex-amante, prefiro lembrar da importância do futebol da Espanha, antes da final da Copa do Mundo da África do Sul neste ano de 2010. Lá onde clubes como Barcelona e Real Madrid dividem a hegemonia do futebol nacional em um campeonato (LFP) que já teve 76 edições. Real Madrid, trinta e uma vezes campeão espanhol contra vinte vezes do Barcelona.

A Liga é conhecida popularmente como Liga das Estrelas devido ao fato de reunir historicamente a elite do futebol mundial. As estrelas atuais da liga são Diego Forlán, Kaká, Carles Puyol, Raúl, Simão Sabrosa, Lionel Messi, David Villa, Thierry Henry, Sergio Ramos, Cristiano Ronaldo, Xabi Alonso, entre muitos outros.

No passado, participaram também alguns dos melhores jogadores do mundo em suas respectivas épocas, como Di Stéfano, Evaristo de Macedo, Kubala, Ferenc Puskás, Johan Cruyff, Maradona, Mario Kempes, Hugo Sánchez, Stoichkov, Romário, Rivaldo, Luis Figo, Ronaldo Fenômeno, David Beckham, Zinédine Zidane, Roberto Carlos, Robinho, Ronaldinho Gaúcho, Seedorf, etc.

La Liga não é a única competição futebolística profissional da Espanha. Também se disputa a Copa do Rei da Espanha, através do sistema de competição por eliminatórias, em que participam todas as equipes de primeira e segunda divisão, os 6 melhores de cada grupo da segunda B, e os campeões de grupos da terceira.

E a estrutura do Futebol mais profissionalizado do planeta, está pela primeira vez tomando parte de uma final de Copa do Mundo, graças a performance da Fúria, a Seleção Nacional da Espanha (foto), comandada pelo técnico Vicente Del Bosque.

O treinador valorizou o rendimento de seus atletas na caminhada até a final. E destacou especialmente a vitória sobre a Alemanha. "Foi uma semifinal de duas grandes seleções. Tivemos o controle do jogo. Com esse controle, nossos jogadores foram adiante de forma magnífica. É um mérito pelo rival que tivemos" explica.

Uma vitória inusitada para uma escola com presença tímida na história do maior torneio mundial do futebol de seleções, já que no seu histórico em Copas do Mundo, a Espanha e sua "Fúria", sempre tiveram atuações exageradamente acanhadas, se compararmos a força e o sistema do futebol espanhol enquanto negócio.

Os melhores resultados são um sétimo lugar na Copa de 1986, o quinto lugar repetido nas Copas de 1934 e 2002, e um quarto lugar na Copa do Mundo do Brasil em 1950.

Naquela edição do torneio, no estádio do Maracanã, na tarde de 13 de julho, a seleção espanhola tomou uma chacoalhada histórica da Seleção Brasileira e perdeu pelo célebre placar de 6 a 1. Na ocasião, 200 mil pessoas vibraram com os gols do Brasil ao som da clássica marchinha "Touradas de Madri".

Duas horas antes do início da partida, marcada para as 3 horas da tarde, no Maracanã parecia não caber mais ninguém. Quando se anunciou que não havia mais ingressos a venda nas bilheterias, a massa humana, a turba de torcedores apaixonados começou a se jogar sobre os frágeis muros de tijolos da construção inacabada, e por seus destroços passou correndo rumo ao espaço da Geral, último território onde o menor espaço seria disputado palmo a palmo. O aperto, os empurrões, os gritos dos que, perdendo o pé de apoio, caíam no fosso entre a Geral e as Cadeiras Numeradas.

Toda essa excitação e essa inquietação germinaram no coro que em pouco explodiria como uma só voz. Não eram apenas os gols, dois de Ademir, dois de Chico, um de Jair e outro de Zizinho, diante dos espanhóis tão exaltados pelos analistas esportivos... A Seleção Brasileira produzia a mais fina exibição de futebol que o Maracanã já testemunhou em qualquer tempo. Barbosa; Augusto e Juvenal; Bauer; Danilo e Bigode; Maneca; Zizinho; Ademir; Jair e Chico, não era apenas um time de futebol, e sim uma orquestra com o luxo de reunir quatro primeiros violinos: Bauer, Danilo, Zizinho e Jair. Quem viu eles jogarem aquela Copa, afirma que não se esquecerá jamais!

O coro surgiu e cresceu e dominou todas as bocas não se sabe como. De repente, o mar de lenços brancos levantou-se mavioso, denso, forte, o coral gigantesco: "Eu fui às touradas em Madri... Parara tibum, bumbum... E quase não volto mais aqui-i-i... Pra ver Peri-i-i... Beijar Ceci... Parara tibum, bum bum..."

Foi o primeiro jogo em que uma torcida gritou olé, sobre os adversários! O primeiro passo de um hábito dos mais frequentes atualmente, para os torcedores que tem o costume de acompanhar sempre os jogos dos seus times.

Ironicamente, sessenta anos depois, no ano da eliminação do futebol do Brasil diante da Seleção da Holanda, surge novamente a Espanha em busca de seu primeiro título em Copas do Mundo! A Fúria de Del Bosque busca a redenção de craques de várias gerações como Miguel Muñoz, Santiago Bernabeu, Telmo Zarra, José Ángel Iríbar, Luis Suárez, Ricardo Zamora, Andoni Zubizarreta, Emilio Butragueño, Fernando Hierro, Morientes, Gento, Juanito, Guadiola, Julio Salinas, Luis Henrique, Michel, Michel Salgado, Miguel Arconada, Santiago Cañizares, Alfredo di Stéfano, Ferenc Puskás...

Tomara que consigam! E às vésperas de uma nova Copa do Mundo, no Brasil!

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