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terça-feira, 29 de maio de 2012

Seria a Casa Lotada um presente de grego?

Costumo dizer que a torcida brasileira é sempre muito festiva! Para o bem e para o mal também, lamentavelmente. Muitas vezes, vamos ao estádio para fazer a festa e não para torcer. E bota otimismo exagerado nisso já que nem sempre o resultado dos jogos e das partidas decisivas, acaba sendo aquele que esperamos, principalmente em estádios com a "casa cheia". Por isso, acompanhe mais um comentário de Lund de Castro Lobo dos Santos, em mais um post, aqui "No campo de jogo"! Seria a casa lotada um presente de grego?

Texto de Lund de Castro Lobo dos Santos:

Folheando o excelente Guia Placar do Brasileirão 2012, notei um fato curioso. Na seção “Estatísticas”, há um pequeno grafico mostrando dados sobre os públicos de cada time. Média geral, média do ano passado, entre outros. Porém, uma barra chama a atenção: a que indica o maior público. E em cima dessas barras, algo me chamou a atenção: não raramente, os times têm resultados negativos quando tem recordes de público em casa. Esse fato indica o risco da pressão da torcida sob os jogadores, e chama a atenção dos treinadores para blindar os seus jogadores da própria torcida.

Dentre esses jogos, alguns se destacam, como por exemplo, Fluminense 1x1 Corinthians, em 1976. Esse confronto ocorreu no supremo Maracanã, o que indicaria que o Tricolor das Laranjeiras teria uma vantagem. Essa dica estaria certa em qualquer outro dia da história. Menos nesse. Essa foi a célebre “Invasão Corintiana” (foto acima), quando um genuíno êxodo alvinegro se fez presente na Via Dutra, e mais de 100.000 vozes gritaram pela equipe paulista. Nesse dia, a fantástica Maquina Tricolor foi derrotada nos pênaltis, num dos episódios mais tristes da história Pó-de-Arroz.

Clique no link abaixo e assista aos históricos momentos deste jogo e de uma das mais fantásticas decisões de fase semifinal do Brasileirão de 1976.

Corinthians 1 x 1 Fluminense - Semifinal do Brasileirão de 1976

(Gols do jogo Corinthians 1 x 1 Fluminense, realizado em 5 de dezembro de 1976, válido pela semifinal do Brasileirão daquele ano. Nos pênaltis, o Corinthians venceu por 4 a 1 e foi à decisão, mas perdeu para o Internacional. É a partida em que ocorreu a chamada Invasão Corintiana no Maracanã. A transmissão é da TV Tupi, com narração de Walter Abraão, comentários de Milton Colin e reportagens de José Rezende e Ely Coimbra. Exibido no programa Grandes Momentos do Esporte, da TV Cultura, no dia 29 de agosto de 2010).

Temos também duas finais: a de 1974, empatada em 2x2 entre Vasco e Internacional, que gerou um jogo extra vencido pela equipe cruz-maltina na qual despontava um jovem Roberto Dinamite, e a de 1978. Nela, um espetacular Guarani liderado pelo craque Zenon desbancava o Palmeiras em pleno Morumbi, cravando uma das maiores zebras do futebol brasileiro e colocando o clube campineiro no nobilíssimo rol dos campeões nacionais (ilustração ao lado, na realidade, um frame do vídeo da partida).


Clique no link abaixo e assista também aos históricos momentos deste jogo e de uma das mais fantásticas decisões do Brasileirão de 1978, em dois jogos. O primeiro no Morumbi e o segundo lá no Brinco de Ouro da Princesa em Campinas.

Guarani Campeão 78 - Esporte Espetacular 19/10/2008

(Matéria sobre o time campeão de 78 comandado por Carlos Alberto Silva e com craques como Zenon, Careca e Neneca). 

Tudo isso e muito mais no gráfico ao lado, que seleciona todos os jogos com recorde de público dos 20 clubes que integram o certame nacional em 2012. Confira!

Lund de Castro Lobo dos Santos, especial para o "No campo de jogo".

domingo, 27 de maio de 2012

A Revolução da Bola

Texto de Lund de Castro Lobo dos Santos:

No começo do século XX, o maravilhoso esporte chamado futebol já florescia no Brasil, e a ginga e a malandragem que iriam dominar o mundo décadas depois começavam a se formatar, porém encaravam um percalço tão primário que hoje, após a comercialização do futebol e todas as suas modernidades, é quase impossível de imaginar: o próprio estilo de jogo estava ficando antiquado em relação ao dos europeus.

Porém, foi muito graças a um homem que o Brasil avançou: Henry Welfare. Este sagaz inglês desembarcou no Rio de Janeiro em agosto de 1913, com 25 anos, para dar aulas. Como já havia jogado por alguns clubes ingleses em sua terra natal (entre eles o Liverpool), fez um teste no Fluminense e passou, entrando para o time titular ainda no mesmo ano.

Após seu ingresso no escrete tricolor, o futebol foi ganhando novos contornos com as perspicazes jogadas de Welfare, como o um-dois, e sua inteligência e vigor entre as quatro linhas. Por conta de sua forma física privilegiada, com 1,90m e 90 quilos, recebeu o apelido de “Tanque”.O lendário Mario Filho teria escrito na época: "Com Welfare o Fluminense usava uma metralhadora, enquanto seus adversários lutavam de espada".


Vale lembrar que naquela época o futebol era um esporte exclusivamente amador, a maioria dos jogadores tinha outra profissão além de atleta, o que só se dissiparia completamente em meados dos anos 1930. Esta condição entra em gigantesco contraste com a opulência dos atuais boleiros, note que vários players iam aos treinos a pé.


E foram por razões profissionais que o Tanque se afastou temporariamente do fute-bol, em 1915, já que precisava se dedicar mais ao seu ofício de professor no Gymnasium Anglo-Americano. Mesmo assim, um ano depois voltou à atividade novamente pelo tricolor. Ele estava prestes a entrar para a história.


Nos anos de 1917, 1918 e 1919, o Fluminense Football Club reinou supremo no futebol carioca. Nos dias após as partidas, as manchetes ainda recheadas de palavras emprestadas do inglês, relatavam as proezas daquele time aristocrático que conseguiu ganhar o seu primeiro tricampeonato carioca nesse período. Os mais notáveis jogadores, mas dessas três espetaculares campanhas, foram o fabuloso goleiro Marcos Carneiro de Mendonça e o center-forward Henry Welfare.


Aposentando-se em 1924, com 10 anos de serviço honesto, 4 campeonatos cariocas e 149 gols (só pelo Fluminense) no currículo, ele foi reconhecido com uma cadeira vitalícia no Conselho Deliberativo do clube, que só seria desocupada em 1966 após sua morte em Angra dos Reis. Mais um de tantos heróis esquecidos na rica história do futebol nacional.












Lund de Castro Lobo dos Santos, especial para o "No campo de jogo".