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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Tente Outra Vez

Maurício Storelli é jornalista, professor universitário e também um grande amigo. Apaixonado pelo futebol de qualidade, bem jogado e fã de Ronaldo Fenômeno. Diante do anunciado fim de carreira do craque, pedi a ele um texto diferenciado, em homenagem ao maior artilheiro do futebol brasileiro, na história das Copas do Mundo.

É com muita alegria e admiração, que publico sua homenagem ao grande Ronaldo. Veja só!

Texto de Maurício Storelli:

“Hoje novamente não acordei cedo para ir ao treino. Não sei expressar o que sinto nesse momento. Deixar de fazer o que mais gosto realmente não é uma tarefa simples. Pensei que seria mais fácil. Tudo é muito recente ainda, mas confesso que já estou com saudades dos gritos da torcida. Já estou com saudades do gol. Saudades de correr com o dedo indicador para cima após balançar as redes adversárias. Que saudades que eu sinto do futebol. Que saudades que eu sinto de você, bola.

É importante dizer que não estou arrependido. Tomei a decisão correta. Não estava mais conseguindo corresponder ao apelido que me deram na Itália. Também não quero mais falar das dores no meu corpo e, tampouco, sobre o meu peso. Isso cansa. Isso chateia. Isso revolta.

Mas essas críticas jamais tiraram meu sorriso do rosto. Uma das minhas características. Sorrir faz bem para alma. Passei por coisas muito difíceis na carreira e consegui dar a volta por cima. Sorrir me ajudou a superar esses momentos.

Tive que abandonar o sonho de jogar no Flamengo por não ter dinheiro para pagar o ônibus até a sede do clube. Com isso, acabei indo para o São Cristóvão, que pagava o transporte e minhas despesas. Mas não gosto de falar sobre isso. Recordo dessa fase com muito carinho. Mas sempre olhei para frente.

Acredito que o vídeo clipe da minha vida deve ser editado com uma música do Raul Seixas: Tente Outra Vez. Uma parte da letra diz assim: Tenha fé em Deus. Tenha fé na vida. Tente outra vez! Você tem dois pés para cruzar a ponte. Nada acabou! Levante sua mão sedenta. E recomece a andar. Basta ser sincero e desejar profundo. Você será capaz de sacudir o mundo...

Pois é. Após as cirurgias no joelho eu, de fato, tentei outra vez e consegui sacudir o mundo, em 2002, na Copa da Ásia. O meu melhor momento. Na vida e no esporte. No mesmo cenário. No mesmo palco. Para melhorar a cena, estava trajando a 9 da Seleção. Uma responsabilidade imensa carregá-la em um Mundial. Mas dei conta do recado. Que alegria. Que emoção!

Aos 33 minutos do segundo tempo da final contra a Alemanha, em 2002, o excelente Kléberson tocou para o meio da área. Nesse momento eu pensei. ‘Deixa ‘ela’ passar, Rivaldo. Deixa ‘ela’ passar, Rivaldo’. Ele fez um corta luz e a bola sobrou nos meus pés. Senti, em uma fração de segundo, um frio na barriga. Mas um frio de alegria. Não de medo. Quando a bola tocou em meus pés sabia que o gol ia sair. Dominei e a coloquei no canto esquerdo baixo de Kahn, que se esticou todo, mas não conseguiu evitar o segundo gol brasileiro. O gol do título. O gol que confirmou o pentacampeonato.

Fiz muitos gols na carreira, mas esse vai ficar marcado para sempre!

Lembrar desse momento me dá muita saudade do futebol. Me emociono ao falar desse dia.

Mas, como eu citei anteriormente, não é o momento de lamentações. Mas sim o momento de agradecer ao povo brasileiro. Ser adorado por todas as torcidas é uma gratidão fenomenal. Ser considerado um Fenomeno é fenomenal.

Eu abandonei o futebol. Mas o futebol jamais vai sair da alma chamada Ronaldo Luís Nazário de Lima.

Obrigado por tudo, futebol!

Essa é a visão de um jornalista torcedor do futebol. Torcedor do Ronaldo. O Pelé da minha geração.

Escrevi com a cabeça do Fenômeno. Uma brincadeira, evidentemente.

Muito se escreveu sobre o fim de sua carreira. Procurei ser diferente ao mostrar a possível visão do Ronaldo sobre o assunto.

Obrigado, Ronaldo!

     Por Maurício Storelli, especial para "No campo de Jogo".

Relembre novamente as emoções da grande final da Copa do Mundo de 2002, clicando no link abaixo:


domingo, 27 de fevereiro de 2011

Campeonato Paulista 2011 - São Paulo x Palmeiras - Momento de afirmação

São Paulo e Palmeiras são vizinhos de muro de centro de treinamento. Apesar disso, dispõem de estruturas físicas e núcleos de preparação atlética, bem diferentes, embora na situação de tabela, em suas ambições e na qualidade do futebol apresentado dentro do campo de jogo atualmente, até possam ser um pouco mais semelhantes e parecidos.

No duelo deste domingo (27/2/2011), os dois grandes clubes da capital paulista se enfrentarão no Estádio do Morumbi em mais uma edição do célebre clássico conhecido como "Choque- Rei". A ordem é vencer e o momento é de afirmação para as duas equipes do confronto.

Tanto o técnico Paulo César Carpegiani, quanto Luiz Felipe Scolari, apostam o máximo de suas fichas e confiam no elenco de jogadores que possuem. Quem vencer o duelo terá uma semana de tranqüilidade no cenário esportivo do futebol paulista e quem perder, receberá todas as pressões inerentes aos grandes clubes derrotados.

O São Paulo atua dentro de casa e em função desta vantagem acaba sendo o favorito para a partida. O técnico Carpegiani aposta no talento do meia-atacante, Lucas, para vencer o jogo. Por outro lado, o goleiro artilheiro Rogério Ceni, nas vésperas de marcar seu centésimo gol, acaba sendo dúvida para o confronto em função de problemas e dores nas costas.

No Palmeiras, Luiz Felipe Scolari também espera poder contar também com o talento e inspiração do meia Valdívia, que desde voltou ao clube ainda não conseguiu se destacar como anteriormente.

“Queria que a defesa deixasse a gente jogar (risos). Sofrer poucos gols é mérito do Palmeiras, que é um time bem postado, todos colaboram com a defesa . Temos que tentar furar isso. Não sei se vamos conseguir, mas que vamos tentar, vamos” afirmou Carpegiani.

“É um jogo onde vamos ter noção do estágio que a equipe está e o que pode ser apresentado no futuro em outros jogos decisivos. Dá para termos parâmetros” disse Scolari.

A arbitragem do clássico, do embate carinhosamente apelidado pelos cronistas esportivos de outrora como “Choque-Rei”, ficará a cargo de Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza.

Retrospecto e Último Confronto

São Paulo e Palmeiras, adversários deste domingo à tarde, no Morumbi, são rivais históricos. O Tricolor Paulista, entretanto, leva vantagem no Choque-Rei.

Das 281 partidas disputadas entre eles, os são-paulinos venceram 100 jogos contra 91 do rival. Além disso, o clássico terminou empatado em 90 oportunidades.

No último confronto entre eles, um show do garoto Lucas. No Pacaembu, o Palmeiras recebeu o São Paulo pelo segundo turno do Campeonato Brasileiro 2010.

Após marcar o primeiro gol, Lucas fez linda jogada e deixou Fernandão livre para completar para o fundo da rede adversária e dar números finais ao jogo, naquela oportunidade.

É evidente que ainda é muito cedo para afirmar que a equipe grande que for ganhadora do maior número de clássicos nesta fase de classificação (em que oito equipes sairão classificadas para a fase decisiva do Paulistão 2011), se credencie firme para a conquista do título na seqüência da disputa, mas é indiscutível que este já seja um importante passo e um momento de busca de afirmação. As equipes que se credenciarem primeiro, levarão vantagem nas finais.

Prováveis escalações

São Paulo: Denis (Rogério Ceni), Rhodolfo, Alex Silva, Miranda e Juan; Rodrigo Souto, Carlinhos Paraíba (Casemiro), Lucas e Rivaldo; Fernandinho e Dagoberto.

Palmeiras: Deola; Cicinho, Danilo, Maurício Ramos (Thiago Heleno) e Rivaldo; Marcos Assunção, Márcio Araújo, Tinga e Valdivia; Luan e Kleber.

Crédito das Imagens: site Baiano na rede e logo do Campeonato Paulista (Globo)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Liga dos Campeões da UEFA - Internazionale x Bayern

Dois tipos de gestão esportiva que até se copiaram ao longo da história do esporte chamado futebol: a italiana e a alemã. Sempre administrando bem seus recursos para buscar os melhores talentos, estejam eles onde estiverem. O jovem Lucas Ayres analisa novamente, uma importante partida da Liga dos Campeões da UEFA que foi disputada nesta quarta-feira (23/2/2011). Confira.

Texto de Lucas Ayres:

Inter de Milão e Bayern de Munique se enfrentaram pela ida das oitavas-de-final da Liga dos Campeões da UEFA, no estádio San Siro, em Milão. Na edição passada, as duas equipes fizeram a grande final, vencida pela Inter.

Da final, muitas mudanças ocorreram nos dois times. O recente campeão e mandante foi ao jogo cauteloso, com cinco homens no meio campo (sendo três volantes) e apenas um atacante. Júlio César no gol, Maicon na lateral, Lúcio na defesa e Thiago Motta na cabeça de área foram os brasileiros do time.

Os vices também foram com cinco homens no meio campo, porém mais ofensivos. Em boa fase, o jovem brasileiro Luiz Gustavo, contratado esse ano, foi o marcador do meio campo alvirrubro.

Taticamente, as equipes se “encaixavam”. A Inter foi num 4-3-2-1, apostando nos contra-ataques, mesmo com jogadores de bom toque de bola. Já o Bayern foi num 4-2-3-1, com meias velozes, apostando na habilidade de seus três meias ofensivos (que eram marcados pelos três volantes da Inter, daí o “encaixe”).

Os italianos começaram o primeiro tempo apertando, mas recuaram sua marcação e foram dominados pelos adversários, que rodavam a bola no campo ofensivo, sempre buscando um jogador no um contra um. Só não sofreu gols devido ao bom posicionamento da sua forte defesa. O ataque, ao contrario, estava vazio, apenas com o isolado Eto’o na frente, que ainda assim fazia algumas jogadas, devido à fraca defesa dos alemães.

Ainda no primeiro tempo, o brasileiro Breno entrou no lugar de Pranjić, machucado pelo Bayern.

O segundo tempo não mudou muito em relação ao primeiro. O Bayern de Munique continuava mandando no jogo com mais posse de bola, enquanto a Inter insistia em recuar sua marcação e buscar os contra-ataques.

A partir da metade da etapa final, o time da casa começou a cansar e dava espaços aos visitantes, que não aproveitavam, pois seu centroavante pouco aparecia.

O jovem zagueiro Ranocchia, lesionado, deu lugar ao meia Kharja ( o lateral Chivu compôs a defesa) pela Inter.

Com o zero a zero no placar, os milaneses passaram a pressionar os muniquenses na base da bola parada e quase abriram o placar. Mas, quem o fez foi o outro time. O holandês Robben arrancou na direita, cortou para o meio e bateu forte. O goleiro Júlio César deu o rebote e Mario Gomez, o atacante desaparecido, completou sem marcação para o gol.

Placar final: 1 a 0 Bayern. Placar justo, pois os “bávaros” foram dinâmicos e se adaptaram ao jogo, enquanto os “Nerazzuri” insistiram nos contra-ataques e fizeram um jogo pragmático.



Por Lucas Ayres, especial para o "No campo de jogo".



Clique no link abaixo,  veja o vídeo com o único gol da partida e o goleiro brasileiro Júlio César "batendo roupa":

Inter x Bayern

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Liga dos Campeões da UEFA - Lyon x Real Madrid

Mais uma análise ponderada e equilibrada de Lucas Ayres, sobre outro importante resultado da fase das oitavas-de-final da Liga dos Campeões da UEFA. Desta vez, sobre o confronto entre Lyon e Real Madrid (22/02/2011). A escola francesa enfrentando mais uma vez, o sempre poderoso time da capital espanhola. Confira.

Texto de Lucas Ayres:

Lyon e Real Madrid se enfrentaram pela rodada de ida das oitavas-de-final da UEFA Champions League, repetindo o confronto da edição passada, no qual a equipe francesa avançou.

O time da casa, quarto colocado na liga francesa, foi ao jogo num 4-3-3, os brasileiros Cris e Michel Bastos estavam presentes, na zaga e no ataque, respectivamente. Com dois atacantes abertos e um enfiado na zaga, o time do técnico Claude Puel apostava na velocidade.

Quem fez a mesma aposta foi o técnico José Mourinho, escalando seus comandados num 4-2-3-1. Os brasileiros Marcelo e Kaká ficaram no banco. A partida prometia ser veloz e movimentada.

Todavia, foi parada e sonolenta. Não por culpa dos anfitriões, que receberam seus adversários com uma forte marcação na intermediaria e muitas jogadas pelos lados, mas pela apatia dos jogadores visitantes, que não conseguir impor-se em campo e pouco criaram.

O Lyon foi melhor no primeiro tempo. Coeso na marcação, teve nos pés de Michel Bastos as principais jogadas da equipe. O jogador infernizou a zaga adversária, mas não caprichou na hora de finalizar.

O Real Madrid passou a primeira etapa procurando o contra-ataque e devido aos poucos espaços dados pelo Olympique, não conseguiu “achá-lo”. No momento em que havia espaço, o time pouco criava.

No segundo tempo, os times mudaram de postura, principalmente o de Madrid. Adiantando a marcação, teve mais presença ofensiva e jogadores mais participativos. Já o time de Lyon recuou a marcação e apostou nos contra-ataques.

O Real Madrid mandava no jogo e logo abriu o placar. Aos 20 minutos, em uma jogada confusa dentro da área, Benzema (que havia acabado de entrar) marcou para os merengues.

Após o gol, o Lyon partiu para ataque. Michel Bastos e Delgado, cansados, deram lugar aos jovens atacantes Briand e Pied. O time foi para cima, sem sucesso, e deram espaço para o temido ataque adversário que também foi falho.

Pjanic entrou no lugar de Kallstrom para dar um sangue novo ao time da casa. Marcelo e Diarra entraram para fechar o meio-campo dos visitantes.

O jogo caminhava para uma vitoria simples dos espanhóis até que Gomis, numa jogada de bola aérea, empata o jogo para os franceses.

A partir daí o jogo pegou fogo. Empurrados pela torcida, os “Gones” pressionaram e quase viraram o jogo, mas o jogo terminou empatado: 1 a 1.

Foi um jogo em que faltou competência, ao Lyon quando criou chances mal finalizadas no primeiro tempo, e ao Real, que não foi capaz de matar o jogo quando teve espaço para contra atacar.



 Por Lucas Ayres, especial para "No campo de jogo".




Imagens: Brasil Lyonnais

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Título da Copa União de 1987 e as hipocrisias de momento

Eu sei que futebol é polêmica e que a paixão é um dos seus catalizadores maiores, verdadeiro "pulmão" da sua sobrevivência. Lembro também de como foi fantástica, a disputa da Copa União de 1987, quando os maiores clubes do país, talvez pela primeira oportunidade na história, demonstraram sua verdadeira força política, organizando um torneio, sem as bençãos da CBF - Confederação Brasileira de Futebol e ainda repudiando firmemente, os interesses do seu próprio balcão de negócios.

Naquela oportunidade, e ironicamente também, presidia e sancionava todas as atitudes do Clube dos 13 (entidade que na ocasião reunia os principais clubes do país), Carlos Miguel Aidar, homem forte dos bastidores e da política do São Paulo FC. Um dos fundadores e idealizadores da própria entidade.

Foto acima: Zico e a polêmica "Taça das Bolinhas" do Campeonato Brasileiro de 1983, conquistado legitimamente pelo Flamengo. O troféu seria entregue definitivamente, ao clube que conquistasse primeiro, cinco títulos do torneio (pentacampeonato)

Copa União

Em 1987 a CBF vivia problemas financeiros e administrativos. Então em junho daquele ano, Octávio Pinto Guimarães, presidente da entidade, anunciou publicamente via imprensa que a CBF não tinha condições de organizar o Campeonato Brasileiro daquele ano. Notícia que em seguida foi confirmada também pelo seu vice-presidente Nabi Abi Chedid que além de confirmar a situação deu todo o aval para que o presidente do São Paulo F.C., na época Carlos Miguel Aidar, tomasse a iniciativa de convencer os principais clubes do Brasil a fundarem uma associação que os representassem e que tivesse como primeiro objetivo a organização do Campeonato Brasileiro de 1987.

Na manhã de sábado, dia 4 de julho de 1987, no Morumbi foi fundada a "União dos Grandes Clubes do Futebol Brasileiro - Clube dos Treze" que reunia os representantes dos treze principais clubes de futebol do país na época. Os membros fundadores da associação foram os quatro grandes de São Paulo: Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos; os quatro grandes do Rio de Janeiro: Flamengo, Vasco da Gama, Fluminense, Botafogo; os dois grandes de Minas Gerais: Atlético Mineiro e Cruzeiro; os dois maiores do Rio Grande do Sul: Internacional e Grêmio e também o Bahia que de acordo com um levantamento feito pelo Jornal do Brasil representavam juntos na época 95% de todas as torcidas do futebol brasileiro. O idealizador do evento, Carlos Miguel Aidar, foi eleito também o presidente da nova entidade, permanecendo no cargo até abril de 1990.

Assim, o Clube dos 13 organizou a Copa União, que representaria o Campeonato Brasileiro daquele ano. A criação da Copa União surgiu após uma conciliação entre a CBF e o Clube dos 13, já que uma desobediência à entidade poderia provocar reações da FIFA.

A única exigência da CBF para a realização da Copa União pelo Clube dos 13, naquela oportunidade, era que se incluísse pelo menos mais três clubes de Estados diferentes. Cumprindo a exigência da CBF foram convidados mais três clubes: Coritiba, Santa Cruz e Goiás que na época em suas respectivas regiões tinham melhor desempenho em campeonatos nacionais e também eram os mais populares formando assim um total de 16 participantes. Não houve critérios técnicos para a escolha dos outros três participantes e em contrapartida, deixaram de fora o Guarani-SP, e o América-RJ, respectivamente vice-campeão e 4ª colocado do ano anterior, ainda assim a CBF não fez qualquer objeção quanto a isso, pois excluir da disputa da competição do Campeonato Brasileiro os clubes com colocações regulares no campeonato anterior seria uma prática comum pela própria CBF. Assim como a promoção sem nenhum critério.

A idéia da Copa União era de diminuir os prejuízos obtidos nos jogos sem importância contra clubes menores, pois como a CBF havia desistido de organizar o campeonato alegando falta de recursos para arcar com as despesas, então "quem pagaria a conta desses jogos menores seriam os grandes clubes", por isso, a solução alegada pelos maiores clubes do país foi de selecionar os competidores conforme a tradição e popularidade que esses clubes tinham a nível nacional.

Os Cinco Primeiros Títulos de Flamengo e São Paulo

Flamengo e São Paulo foram campeões brasileiros em seis oportunidades cada. O Flamengo em 1980, 1982, 1983, 1987, 1992 e 2009. Já o São Paulo FC, conquistou o torneio em 1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008. Na realidade prática (o ano da conquista de 1992) e sem levarmos em conta os casuísmos políticos e outros interesses, o Flamengo foi de fato, o primeiro clube brasileiro a se sagrar 5 vezes campeão da elite dos clubes do nosso futebol. Mas, "de fato", num país chamado Brasil, pode mesmo não ser "de direito".

Situação de Momento

A decisão repentina da CBF em reconhecer o Flamengo como campeão brasileiro de 1987 deixou muitos rubro-negros felizes. Porém, a sentença não foi baseada em questões de mérito, mas numa manobra da CBF e do Flamengo para enfraquecer o Clube dos 13 (ironia do destino, que envolve até forte interesse na distribuição e na venda das cotas televisivas). Vamos acompanhar com atenção nos próximos dias, tudo que rolar nos bastidores do jogo e todas as manobras políticas que resultaram na oficialização do título mais polêmico do cenário nacional.

O Flamengo celebra finalmente, o reconhecimento do título da Copa União. O Sport que disputou naquele ano de 1987, um torneio nacional contra clubes de menor expressão, sem nunca ter jogado contra nenhum grande, lamenta, protesta, porque se considera o legítimo e único campeão nacional daquele ano, onde tivemos vários módulos de disputa; e o São Paulo, que também celebra o fato de ter sido considerado recentemente, o primeiro "penta", informa que não devolverá o troféu. Mais uma vez, o pasticcio está criado! E pelos próprios dirigentes que administram a maior paixão dos brasileiros...

Foto ao lado: Rogério Ceni, Juvenal Juvêncio e Zetti, que receberam recentemente da Caixa Econômica Federal, a polêmica "Taça das Bolinhas"

São estas as hipocrisias de momento, bastante comuns, infelizmente, em nosso país. Mas para quem acompanhou a disputa da Copa União como torcedor vibrante, viu a formação do Clube dos 13 (agora terrivelmente enfraquecido) com esperança e agora acompanha toda esta palhaçada que envolve a briga por interesses de negócios, muita política e a aplicação de rasteiras de lado a lado, só sobra mesmo muita decepção... Será que haverá bom senso por parte de alguém ou somente a defesa dos próprios interesses? O eterno olhar para o próprio umbigo...

Crédito das Fotos pela ordem em que são mostradas: Arquivo do Jornal do Brasil e Terra

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Arsenal x Barcelona

Neste post, apresento o olhar crítico e a análise interessante e ponderada do jovem Lucas Ayres, filho de um grande amigo meu. A UEFA Champions League já começou faz tempo e ele comenta com detalhes, a partida entre o Arsenal e o Barcelona, realizada na última quarta-feira, dia 16 de fevereiro de 2011. Acompanhe...

Texto de Lucas Ayres:

Confesso que tinha dúvidas sobre as minhas expectativas para o jogo Arsenal e Barcelona, no Emirates Stadium, em Londres. Dúvidas porque o jogo entre duas equipes de toque de bola poderia ser devagar e cauteloso quanto poderia ser uma partida veloz, dinâmica e movimentada.

O jogo superou minhas expectativas. Foi aberto, veloz e muito complexo taticamente. As duas equipes foram a campo com escalações priorizando o ataque. O Arsenal foi ousado, e teve apenas um volante de ofício no meio campo, além da volta do francês Nasri, sem jogar desde o fim de janeiro. O Barcelona jogou com seu time regular, exceção de Maxwell, lateral esquerdo, no lugar do zagueiro Puyol, capitão do time (Abidal fez a defesa com Piqué).

É possível caracterizar o jogo como “metamórfico”, pois desde o apito inicial ao final, foram mudanças de postura, esquema tático e até de placar. O primeiro tempo começou com o time da casa melhor pressionando, e, tocando na frente da área do Barcelona. Porém, aos poucos, a marcação inglesa começou a afrouxar e os espanhóis começaram a dominar o jogo e criar chances, principalmente quando lançava um de seus três atacantes no meio da defesa adversária. O curioso é que o Arsenal não jogou com a defesa em linha, que geralmente dá espaço para jogadas desse tipo. Era a velocidade e entrosamento do ataque catalão
que criava essas jogadas.

Assim, foi num lançamento de Lionel Messi (depois de driblar quatro jogadores) para Villa que o time azul-grená abriu o placar. O atacante recebeu a bola na cara do gol e tocou na saída do goleiro.

Após o gol, o Barcelona dominou completamente o jogo. Chegou a ficar 3 minutos tocando a bola de primeira, lembrando muito o jogo em que goleou o Real Madrid por 5 a 0. Até o fim do primeiro tempo, o Arsenal nada fez, dando a aparência de que iria se complicar no segundo tempo.

Mas, as aparências enganam. Na segunda etapa, os “Gunners” voltaram melhores, e anularam o meio campo adversário, que apostou nas jogadas individuais. Nesta hora, o técnico do Arsenal, Arsène Wenger foi brilhante. Tirou de campo o único volante e colocou o atacante russo Arshavin. O também atacante Bendtner entrou no lugar do jovem e veloz Walcott. Arsenal foi para cima e com muita garra conseguiu o empate, em um chute de Van Persie, quase sem ângulo, pela esquerda.

O Barcelona sentiu o gol. Nem a entrada de Keita fez o time rodar a bola. Pior: partiu para cima sem organização e tomou a virada num contra-ataque mortal, finalizado pelo iluminado Arshavin.

Depois da virada, os dois times se assentaram. Pensando no próximo jogo, o técnico do time catalão colocou Adriano em campo, para conter os contra ataques londrinos.

Assim terminou o jogo: Arsenal 2 x 1 Barcelona. Foi apenas a terceira derrota do Barça na temporada e a primeira derrota para os Gunners na história do clube.

O destaque do jogo foi o técnico Arsène Wenger, que depois de descobrir no primeiro tempo que tática não adianta com o Barcelona, abriu o jogo sem medo e como poucos, venceu o time de Messi.




Por Lucas Ayres, especial para "No campo de jogo".


Confira os gols da partida no link abaixo:


Imagens: ESPN.com.br

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Brasil 1950

O Brasil de 1950 é muito diferente do país de hoje! Mas a Copa do Mundo de Futebol disputada naquela época, não sai da lembrança de muita gente.

Meu próprio avô materno, descendente de italianos, apaixonado por futebol como eu, esteve no Rio de Janeiro, e presenciou a final daquela edição do torneio internacional mais importante do mundo da bola.

Nosso país, deveria ter realizado a Copa do Mundo em 1942, mas a então Segunda Grande Guerra Mundial, não permitiu que o planeta parasse para celebrar a competição máxima, do esporte mais popular da Terra.

Em 1950, o cenário já era outro e as autoridades do Rio de Janeiro construiram o maior estádio do mundo, o Estádio Mario Filho, em Maracanã, com capacidade para 160 mil pessoas, considerando-se os padrões do segurança discutíveis daqueles tempos. O Maracanã foi construído especialmente, para a realização da Copa do Mundo!

O Brasil já era conhecido e celebrado como o país do samba, futebol e mulheres bonitas!

Vamos então relembrar alguns dados curiosos, da Copa do Mundo do Brasil em 1950:

Cidades e estádios das sedes:

Recife: Ilha do Retiro (Capacidade para 35 mil pessoas)

Belo Horizonte: Sete de Setembro (Capacidade para 18 mil pessoas)

Rio de Janeiro: Maracanã (Capacidade para 160 mil pessoas)

São Paulo: Pacaembú (Capacidade para 60 mil pessoas)

Curitiba: Durval de Britto (Capacidade para 15 mil pessoas)

Porto Alegre: dos Eucaliptos (Capacidade para 20 mil pessoas)

Durante a fase de grupos, tivemos a participação de 13 países, assim divididos, num regulamento único na história das copas:

Grupo 1

Brasil, Iugoslávia, Suiça e México

Grupo 2

Espanha, Inglaterra, Chile e Estados Unidos

Grupo 3

Suécia, Itália e Paraguai

Grupo 4

Uruguai e Bolívia

Apenas o primeiro classificado de cada grupo, se classificava para a Fase Final.

Na fase final, quatro seleções se enfrentaram em turno único: Uruguai, Brasil, Suécia e Espanha.

Maiores Goleadores da Competição:

Ademir "Queixada" (Brasil) - 8 gols
Basora (Espanha) - 5 gols
Míguez (Uruguai) - 5 gols
Chico (Brasil) - 4 gols
Zarra (Espanha) - 4 gols
Ghiggia (Uruguai) - 4 gols

Bola de Ouro: Zizinho (Brasil)


O Brasil chegou a partida final da Copa, diante do Uruguai, precisando de apenas 1 ponto (um simples resultado de empate) para ser campeão. No dia 16 de julho de 1950, 199 mil e 954 pessoas assistiram a uma verdadeira tragédia. A Seleção Uruguaia, do célebre capitão Obdulio Varela, venceu de virada, uma irreconhecível Seleção Brasileira, pelo placar de 2 x 1 e se sagrou bicampeã do mundo. A supremacia tática combinada com a raça dos uruguaios e a surpreendente velocidade do meia-atacante Ghiggia (insisto, ele não era ponta!) venceram a técnica e a arrogância dos brasileiros, numa época em que ainda não eram permitidas substituições no jogo. Os gols da partida foram marcados por Friaça, Schiaffino e Ghiggia.

Brasil: (3-4-3) Barbosa; Juvenal, Augusto e Bigode; Bauer, Zizinho, Danilo e Jair; Friaça, Ademir e Chico - Técnico: Flávio Costa

Uruguai: (3-4-3) Máspoli; Gonzalez, Varela e Tejera; Ghiggia, Gambetta, Andrade e Moran; Pérez, Miguez e Schiaffino - Técnico: Juan López Fontana

Mais tarde, Barbosa, o goleiro brasileiro do jogo histórico, ao entrar numa barbearia do Rio, ouviu uma senhora comentar com o filho: "Aquele homem fêz todo o Brasil chorar!".

Que a história não se repita em 2014!

Fonte: The Football Book - Dorling Kindersley (Londres)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Crônica de uma Eliminação Anunciada

Crônica de uma Morte Anunciada (título original em espanhol: Crónica de una muerte anunciada) é um livro de Gabriel García Márquez publicado em 1981. A obra conta, na forma de uma reconstrução jornalística, a história do assassinato de Santiago Nasar pelos dois irmãos Vicario.


Acusado por Ângela Vicário de tê-la desonrado, o jovem Santiago Nasar é morto a facadas pelos irmãos de Ângela, os gêmeos Pedro e Pablo. Toda a localidade fica sabendo antes da vingança iminente, mas nada salva Santiago de seu trágico destino, anunciado logo à primeira linha do romance.

Ao longo da história, não obtemos muitas informações sobre Santiago Nasar, não sabemos o que passa em sua mente, nem mesmo se ele está ciente de que o querem matar. A obra gira em torno de anunciar a morte de Nasar, contada por um narrador não onisciente, mas um narrador que buscou todas as informações para escrever a crônica. O mistério do livro está em descobrir quem desonrou Ângela Vicário, que mente sobre o seu autor em função de proteger alguém que ela gostava.

Bem, vamos voltar ao principal assunto deste blog, o futebol, os craques (ou a falta deles) e as sempre apaixonadas torcidas, que agem ao final, no caso de eliminações, precoces ou não, como verdadeiras "mulheres de malandro".

Lembrei até de uma grande amiga minha que sempre diz que gosta, de quem a desdenha...

E o Corinthians mais uma vez, desdenhou da Fiel. Foi um timinho ao invés de um Timão...

Subestimou o Tolima, até então, desconhecido clube da Colômbia e levou a pior, ao final de dois jogos em disputa pela chamada Pré-Libertadores.

Não fez um gol sequer e tomou dois! Eliminação justa, justíssima e infelizmente, previsível!

Uma "Crônica de Eliminação Anunciada"... Ronaldo Fenômeno, mais “fenomenal” ainda pela sua falta de forma e condição de ex-jogador em atividade (será que vale o um milhão de reais que ganha?); Roberto Carlos (contundido?) de fora da partida decisiva. Justo ele que havia minimizado o empate do primeiro jogo realizado no Pacaembú.

"Santiago Nasar", neste caso são exatamente o Corinthians e sua Fiel Torcida, "mortos" novamente e alijados (impedidos) temporariamente, do sonho da Libertadores. "Pedro e Paulo" são Andres Sanchez, Ronaldo "Fenômeno", os empresários que obrigam a negociação de atletas fora de hora e boa parte também da imprensa dita especializada, que sempre celebra o ôba-ôba ! "Pedro e Paulo" são o zagueiro Chicão que se perdeu no lance do primeiro gol, a característica "linha burra", e a evidente falta de planejamento em mais uma Libertadores de América, até agora sempre com o mesmo desfecho do livro de Gabriel Garcia Márquez. Não adianta chorar sobre o leite derramado...

"Pedro ou Paulo" é o técnico Tite, que não tem gabarito ainda para comandar o Corinthians...

Mais uma vez, lembramos também, que Ronaldo, o eterno "Fenômeno", até bateu boca no Twitter com o jornalista José Luiz Datena e com o craque Neto, antes destes jogos decisivos. Totalmente fora de hora também!

E domingo próximo, 6 de fevereiro de 2011, é dia de Palmeiras e Corinthians. Uma grande oportunidade para quem é grande voltar a demonstrar que é e também deixar claro que o futebol é feito de sonhos, que muitas vezes se esvaem como uma "Morte Anunciada", sempre com a "Redenção", que pode vir em seguida, porque o futebol, graças a Deus, também é uma eterna e verdadeira "caixinha de surpresas"...

Crédito da Foto: Lance.