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terça-feira, 22 de junho de 2010

O futebol e a política

Em tempos de Copas do Mundo e do fascínio que o esporte ou negócio chamado futebol exerce sobre as massas de seguidores em quase todos os países do planeta, sempre aparece alguém da classe política internacional, interessado em tirar proveito dos sucessos obtidos pelas seleções nacionais.

Infelizmente, foi assim desde o começo, já que em 1934, Benito Mussolini condicionava a maior parte da propaganda de seu fascismo populista ao sucesso da Squadra Azzurra na Copa do Mundo. Atento, o líder italiano tratou de assumir todos os encargos para sediar o torneio, construindo estádios e dando subsídios aos jogadores da seleção nacional. Tudo porque o Estado Fascista percebeu a oportunidade de fortalecer ainda mais o seu regime através da popularização do futebol. Imediatamente após a confirmação da realização do 2ºMundial de Futebol da História na Itália, Mussolini tratou de vincular uma eventual conquista ao sucesso dos dez anos de regime fascista. Para a propaganda do Mundial, uma das imagens de cartazes, era a de um jogador com a bola no pé e a típica saudação fascista. 

O técnico Vittorio Pozzo foi permanentemente coagido para que a conquista fosse alcançada a qualquer preço. O mais vitorioso treinador europeu nos anos 30, comandou a Seleção Italiana entre 1929 e 1948. Com Pozzo, a Squadra Azzurra passou a integrar e naturalizar mais freqüentemente os chamados oriundi, filhos de emigrantes italianos espalhados pelo mundo, como os argentinos Luis Monti, Raimundo Orsi e Enrique Guaita, o uruguaio Miguel Andreolo e o brasileiro Anfilogino Guarisi. Neste período, sua equipe sagrou-se bicampeã mundial de futebol nos gramados da Itália e da França. Adolf Hitler também fez de tudo para que sua Alemanha Nazista triunfasse neste período em defesa dos valores da chamada raça ariana, mas mesmo incorporando os craques austríacos (época do wunderteam) na equipe germânica, não obteve sucesso.

Em 1970, enquanto a Seleção Canarinho com Carlos Alberto, Clodoaldo, Gérson, Jairzinho, Rivellino, Pelé e Tostão, maravilhava o mundo e conquistava a Copa do México, dando ao futebol apresentado, requintes de "obra de arte", a ditadura militar instaurada no país e o governo de Emílio Garrastazu Médici exerciam toda a força de seu regime de exceção. Personalidades sumiam das ruas, jornalistas importantes e aguerridos eram torturados, e morriam em porões. Na foto acima,  o capitão da seleção, e o então Presidente da República. Um clima de euforia contagiosa tomou conta das ruas nas principais capitais brasileiras.

Em 1978, foi a vez da Ditadura Argentina se utilizar do futebol como propaganda. Qualquer resultado que não fosse a inédita conquista do Mundial, então disputado no país pela primeira vez, seria razão para uma insuportável decepção na Argentina. Em função disso, o título obtido pelo time de Luque, Ardiles, Kempes, Tarantini, Olguin e muitos outros, foi um instrumento cruel para a auto-afirmação de uma violenta ditadura, que contabilizou milhares de vítimas entre desaparecidos, mortos e torturados. Lembro que após a final, um importante jornalista brasileiro lembrou que a conquista havia sido obtida, "no tapa e no apito". Os argentinos haviam "batido" nos adversários em quase todos os jogos e também tinham sido favorecidos pelas arbitragens.

Quando o assunto é futebol e Copa do Mundo, todo o cuidado é pouco! Nacionalismo, pátria de chuteiras, política, muitas formas de patrulhamento contra este ou aquele, e muitos, mas muitos outros interesses envolvidos.

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