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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Futebol sem memória

Dizem que somos um país sem memória, sem reflexão sobre a importância do nosso passado. Um pragmatismo truculento, que rodeia o nosso presente, celebra apenas aquilo que fazemos hoje, se é que fazemos.

No futebol, cada vez mais, fazemos questão de nos esquecer de quem é quem. Aqueles que realizaram mais, parece que despertam mais inveja, mais ódio, mais cobrança constante.

Mas é impossível ser o primeiro sempre, ser o maior sempre, o melhor sempre, disputar as primeiras colocações em todas as ocasiões. A politicagem de bastidores é cada vez mais intensa e o esporte dá lugar ao negócio, repleto de oportunidades. Times são desmontados precocemente e treinadores são mandados embora, ao primeiro sinal de insucesso.

Mas porque será que Vanderlei Luxemburgo (na foto, cumprimentando o Presidente Lula) desperta sempre tanta raiva, tanta mágoa e tanta ira, por parte de seus adversários?

Um curriculum invejável

Vanderlei Luxemburgo da Silva (Nova Iguaçu, 10 de maio de 1952 é um ex-jogador e atual treinador de futebol brasileiro. Atualmente esta sem clube.

Reconhecidamente um dos mais vitoriosos técnicos do futebol do Brasil, tendo sido o único a conquistar cinco vezes o Campeonato Brasileiro Série A. Treinou grandes equipes do futebol brasileiro como Santos, Corinthians, Palmeiras, Flamengo, Cruzeiro, Atlético Mineiro, além de ter treinado a Seleção Brasileira e o Real Madrid, da Espanha.

Filho de Sebastião da Silva e Rosa Luxemburgo da Silva, Vanderlei é o filho do meio de uma família com três irmãos.

A carreira de jogador de futebol não foi tão marcante como a de técnico. Despontou no futebol profissional como lateral-esquerdo do Flamengo em 1971 e permaneceu na equipe carioca até 1978. Neste período, teve como grande concorrente na posição o jogador Júnior, considerado um dos maiores laterais da história do Flamengo e da Seleção Brasileira. Depois de deixar a equipe rubro-negra e atuar pelo Internacional em 1978, jogou no Botafogo, onde jogou até 1980, quando uma contusão no joelho o afastou dos campos.

O início como treinador ocorreu no Campo Grande, do Rio de Janeiro, em 1983. No mesmo ano, seguiu para o Rio Branco, do Espírito Santo, onde conquistou o título do Campeonato Capixaba. Depois de passagens por outros clubes brasileiros e do futebol árabe, foi no Bragantino que conseguiu seu primeiro grande feito, conquistando dois títulos: do Campeonato Brasileiro Série B, no ano de 1989, e do Campeonato Paulista, no ano de 1990.

Sua primeira conquista em um grande clube como técnico aconteceu em 1993, quando foi campeão do Campeonato Paulista pelo Palmeiras. O título, alcançado com uma vitória por 4 a 0 sobre o maior rival da equipe alviverde, o Corinthians, foi um dos mais importantes da história do clube, pois interrompeu um jejum de 16 anos sem títulos. No mesmo ano, Luxemburgo levaria o Palmeiras aos títulos do Torneio Rio-São Paulo e do Campeonato Brasileiro. Em 1994, foi bicampeão paulista e brasileiro.

Depois de breves passagens pelo Flamengo e pelo Paraná em 1995, retornou em 1996 ao Palmeiras, onde conquistou mais um título do Campeonato Paulista, este marcado pela maior campanha de uma equipe no Estado na era profissional, com um ataque arrasador de mais de 100 gols marcados. Em 1997, já pelo Santos, conquistou o Torneio Rio-São Paulo.

No ano seguinte, foi contratado pelo Corinthians, onde obteve o título do Campeonato Brasileiro. No mesmo ano, foi convidado para ser o técnico da Seleção Brasileira, onde conquistou a Copa América de 1999.

Apesar de passagens vitoriosas nos times com grandes jogadores montados, teve problemas no período que treinou a seleção, sofrendo ao ser flagrado utilizando documentação falsa e com um processo de sonegação fiscal. Por esta razão, mudou seu nome de Wanderley (artístico) para Vanderlei (original). Sua saída do selecionado brasileiro, ficou marcada pela eliminação da equipe nas Olimpíadas de 2000, quando o Brasil foi derrotado pela seleção de Camarões.

Em 2001, de volta ao Corinthians, levou a equipe alvinegra a mais um título do Campeonato Paulista. Em 2002, teve uma passagem rápida e conturbada pelo Palmeiras, sendo responsabilizado pela imprensa dita especializada e por parte da torcida pela queda da equipe para a segunda divisão do futebol brasileiro, em virtude da dispensa de alguns jogadores de posições importantes logo no início do Campeonato Brasileiro, pouco antes de sua saída do clube para o Cruzeiro.

Em 2003, no comando da equipe mineira, conseguiu um fato inédito ao conquistar a tríplice coroa vencendo o Campeonato Mineiro a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, de volta ao Santos, obteve mais um título de campeão do Campeonato Brasileiro.

Em 2005, deixou a equipe do Santos para atuar como treinador do Real Madrid, da Espanha, com os melhores jogadores do mundo, resultando em uma malograda passagem, tendo sido demitido no dia 4 de dezembro de 2005. Dez dias depois, é anunciado o retorno de Luxemburgo à equipe santista, onde conquistou nos dois anos seguintes o título do Campeonato Paulista.

Em 2007, levou a equipe às semifinais da Copa Libertadores da América, mas foi eliminado pelo Grêmio. A falta de uma conquista de torneio internacional interclubes é justamente uma das maiores frustrações do técnico.

"As pessoas me criticam por eu nunca ter conquistado uma Libertadores. Mas isso não me machuca. Dizem que para se vencer Libertadores tem de dar pontapé, praticar anti-jogo. Eu prefiro buscar esse título jogando futebol envolvente e bonito, como todas as minhas equipes têm demonstrado" - resposta de Vanderlei após a eliminação do Santos para o Grêmio na semi-final da Copa Libertadores da América de 2007.

Em 2008, voltou ao Palmeiras, onde conquistou mais um título do Campeonato Paulista. A equipe alviverde não vencia um campeonato desde 2000 e não conquistava o torneio estadual desde 1996. Em 2009, depois de ser eliminado mais uma vez da Copa Libertadores da América, desta vez nas quartas-de-final, as críticas da torcida palmeirense aumentaram em relação a Luxemburgo, que era questionado por suas interferências na equipe fora do campo, com a indicação de jogadores que não agradaram os torcedores.

No dia 26 de junho de 2009, às 0h44, no seu Twitter e no seu blog, Vanderlei anunciou que foi demitido pelo Palmeiras. O texto no Twitter dizia: "Não sou mais técnico do Palmeiras. Fui demitido por discordar (sic) das atitudes do Keirrison". A decisão da saída do treinador ocorreu após uma longa reunião no dia anterior. Segundo o clube, o motivo foi a quebra de hierarquia do treinador, ao falar sobre a transferência de Keirrison para o Barcelona. Gilberto Cipullo relatou que a decisão "não teve nada a ver com a eliminação na Libertadores".

No dia 17 de Julho de 2009 acertou seu retorno ao Santos. Com um resultado fraco no Campeonato Brasileiro (a pior que teve no comando da equipe da Vila Belmiro), conseguindo apenas a décima segunda colocação, deixou o time em dezembro de 2009.

No dia 8 de dezembro de 2009, Luxemburgo acertou sua ida para o Atlético Mineiro. O treinador fechou um contrato de dois anos com o clube e rejeitou propostas do CSKA Moscou e do Internacional.

No dia 9 de dezembro de 2009, foi apresentado oficialmente na sede administrativa do Galo, em entrevista coletiva. Mesmo debaixo de chuva, mais de 100 torcedores compareceram para acompanhar a apresentação do novo treinador. No dia 2 de maio, há 5 meses no comando da equipe, venceu o Campeonato Mineiro, em final contra o Ipatinga. No dia 24 de setembro de 2010, Luxemburgo foi demitido, logo após uma derrota de 5 a 1 contra o Fluminense, deixando o Atlético na zona de rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro. O técnico comandou o time mineiro em 53 jogos durante toda a temporada, alcançando 22 vitórias, 12 empates e 19 derrotas.

Títulos conquistados:

Rio Branco

Campeonato Capixaba: 1983

Bragantino

Campeonato Brasileiro Série B: 1989

Campeonato Paulista: 1990

Flamengo

Campeonato Carioca: 1991

Taça Guanabara: 1995

Palmeiras

Campeonato Brasileiro: 1993 e 1994

Torneio Rio-São Paulo: 1993

Campeonato Paulista: 1993, 1994, 1996, 2008

Santos

Campeonato Brasileiro: 2004

Torneio Rio-São Paulo: 1997

Campeonato Paulista: 2006 e 2007

Corinthians

Campeonato Brasileiro: 1998

Campeonato Paulista: 2001

Seleção Brasileira

Copa América: 1999

Torneio Pré-Olímpico: 2000

Cruzeiro

Campeonato Brasileiro: 2003

Copa do Brasil: 2003

Campeonato Mineiro: 2003

Atlético-MG

Campeonato Mineiro: 2010

Vanderlei Luxemburgo sempre foi polêmico. Sempre criticou e discutiu livremente sobre as hipocrisias que cercam o jogo das multidões no Brasil. E sempre foi adepto de tomar atitudes pouco ortodoxas. Em 1993, diante do trauma do Palmeiras em conquistar títulos, foi buscar o aconselhamento do Pai de Santo, Robério de Ogum, para trazer mais tranquilidade ao ambiente. Paralelamente à carreira de técnico, desempenha também a de manager, empresário de jogadores, atividade mal vista pelos dirigentes de clubes. Para onde vai, se acerca de cara comissão técnica de sua estrita confiança. Atualmente, todos destacam na mídia, que ele não ganha um título expressivo no futebol brasileiro há mais de seis anos, já que os títulos regionais são atualmente totalmente menosprezados. Tudo que realizou no passado, não vale mais nada. Seu prestigio foi totalmente perdido. Sua real competência (e olha que ele já demonstrou ter bastante) jogada na lata do lixo...

Fico realmente a me perguntar, porque tem sido tão criticado neste momento? Afinal de contas, ele não é o único vilão em nosso futebol... Que dá claros sinais de estar padecendo de estranha amnésia. Um futebol sem memória! Há quem será que interessa isso?

Crédito da foto: Uol

Um comentário:

  1. Luxemburgo teve a ousadia de quebrar os paradigmas que regem o futebol brasileiro. Aqui, treinador é sempre demitido. Ele foi um dos primeiros a deixar o comando técnico das equipes sempre que houvesse uma oportunidade melhor de trabalho. Os autoritários dirigentes de clubes deste país tupiniquim nunca gostaram disso. Hoje pagam o pato, numa realidade onde os empresários de jogadores, mandam muito mais do que eles. Para mim, ainda é o melhor técnico estrategista do Brasil. Só percebam uma coisa: quando não está dirigindo o Corinthians, via de regra é perseguido pela imprensa! Está contagiado no momento pela mediocridade que habita este país!

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