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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Tente Outra Vez

Maurício Storelli é jornalista, professor universitário e também um grande amigo. Apaixonado pelo futebol de qualidade, bem jogado e fã de Ronaldo Fenômeno. Diante do anunciado fim de carreira do craque, pedi a ele um texto diferenciado, em homenagem ao maior artilheiro do futebol brasileiro, na história das Copas do Mundo.

É com muita alegria e admiração, que publico sua homenagem ao grande Ronaldo. Veja só!

Texto de Maurício Storelli:

“Hoje novamente não acordei cedo para ir ao treino. Não sei expressar o que sinto nesse momento. Deixar de fazer o que mais gosto realmente não é uma tarefa simples. Pensei que seria mais fácil. Tudo é muito recente ainda, mas confesso que já estou com saudades dos gritos da torcida. Já estou com saudades do gol. Saudades de correr com o dedo indicador para cima após balançar as redes adversárias. Que saudades que eu sinto do futebol. Que saudades que eu sinto de você, bola.

É importante dizer que não estou arrependido. Tomei a decisão correta. Não estava mais conseguindo corresponder ao apelido que me deram na Itália. Também não quero mais falar das dores no meu corpo e, tampouco, sobre o meu peso. Isso cansa. Isso chateia. Isso revolta.

Mas essas críticas jamais tiraram meu sorriso do rosto. Uma das minhas características. Sorrir faz bem para alma. Passei por coisas muito difíceis na carreira e consegui dar a volta por cima. Sorrir me ajudou a superar esses momentos.

Tive que abandonar o sonho de jogar no Flamengo por não ter dinheiro para pagar o ônibus até a sede do clube. Com isso, acabei indo para o São Cristóvão, que pagava o transporte e minhas despesas. Mas não gosto de falar sobre isso. Recordo dessa fase com muito carinho. Mas sempre olhei para frente.

Acredito que o vídeo clipe da minha vida deve ser editado com uma música do Raul Seixas: Tente Outra Vez. Uma parte da letra diz assim: Tenha fé em Deus. Tenha fé na vida. Tente outra vez! Você tem dois pés para cruzar a ponte. Nada acabou! Levante sua mão sedenta. E recomece a andar. Basta ser sincero e desejar profundo. Você será capaz de sacudir o mundo...

Pois é. Após as cirurgias no joelho eu, de fato, tentei outra vez e consegui sacudir o mundo, em 2002, na Copa da Ásia. O meu melhor momento. Na vida e no esporte. No mesmo cenário. No mesmo palco. Para melhorar a cena, estava trajando a 9 da Seleção. Uma responsabilidade imensa carregá-la em um Mundial. Mas dei conta do recado. Que alegria. Que emoção!

Aos 33 minutos do segundo tempo da final contra a Alemanha, em 2002, o excelente Kléberson tocou para o meio da área. Nesse momento eu pensei. ‘Deixa ‘ela’ passar, Rivaldo. Deixa ‘ela’ passar, Rivaldo’. Ele fez um corta luz e a bola sobrou nos meus pés. Senti, em uma fração de segundo, um frio na barriga. Mas um frio de alegria. Não de medo. Quando a bola tocou em meus pés sabia que o gol ia sair. Dominei e a coloquei no canto esquerdo baixo de Kahn, que se esticou todo, mas não conseguiu evitar o segundo gol brasileiro. O gol do título. O gol que confirmou o pentacampeonato.

Fiz muitos gols na carreira, mas esse vai ficar marcado para sempre!

Lembrar desse momento me dá muita saudade do futebol. Me emociono ao falar desse dia.

Mas, como eu citei anteriormente, não é o momento de lamentações. Mas sim o momento de agradecer ao povo brasileiro. Ser adorado por todas as torcidas é uma gratidão fenomenal. Ser considerado um Fenomeno é fenomenal.

Eu abandonei o futebol. Mas o futebol jamais vai sair da alma chamada Ronaldo Luís Nazário de Lima.

Obrigado por tudo, futebol!

Essa é a visão de um jornalista torcedor do futebol. Torcedor do Ronaldo. O Pelé da minha geração.

Escrevi com a cabeça do Fenômeno. Uma brincadeira, evidentemente.

Muito se escreveu sobre o fim de sua carreira. Procurei ser diferente ao mostrar a possível visão do Ronaldo sobre o assunto.

Obrigado, Ronaldo!

     Por Maurício Storelli, especial para "No campo de Jogo".

Relembre novamente as emoções da grande final da Copa do Mundo de 2002, clicando no link abaixo:


2 comentários:

  1. Que texto maravilhoso!!! Não tinha lido nada tão criativo até o momento sobre o fenômeno. Sempre as mesmices de sempre, criticas, elogiois sobre o craque, mas com esse enfoque ficou demais!Esse jornalista conseguiu me emocionar!!! Parabéns!!

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  2. Pois é muleke.... não é so nos gramados que surgem os fenômenos. Para conduzir a bola precisa de talento, garra, visão.- Para dominar palavras, precisa de um dom, de alma e acima de tudo.... Mauricio Storelli....

    VALEW MAURA

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