Na ocasião, vários deputados e políticos ligados ao Partido dos Trabalhadores e até a Presidente Dilma Rousseff definiram Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, como "um brasileiro exemplar".
Em minha fascinada memória de não corintiano ficaram também seus geniais passes de calcanhar e seus gols fantásticos! Obrigado Magrão! Para homenageá-lo como se deve, o meu amigo corintiano, Anderson Dias. São seus, os comentários e os sentimentos que seguem abaixo!
Texto de Anderson Dias:
Na verdade eu estou meio triste com o querido Magrão, não
estava combinado que eu perderia o único ídolo que tive no futebol, ainda mais
numa tarde onde milhões de pessoas tiveram que se dividir entre dois
sentimentos diante da quase certeza de um título corintiano.
Por muito tempo eu achei que tinha ídolos apesar de ter sido
ensinado e criado dentro de alguns conceitos religiosos que naturalmente me
impediam de fazer alguma idolatria, no entanto, admiração profunda é possível
sem o fator doentio da idolatria e foi isto que aconteceu eu descobri na manhã
de sua morte que admiração profunda eu tinha por muito poucos, e um deles era
você Magrão.
O fato é que eu passei minha infância inteira tentando
imitar o Dr. Sócrates quando comemorava um gol, foram dezenas de vezes que eu
driblei um, driblei dois, driblei três, talvez nem tenha driblado tanto assim,
mas eu fazia o gol naquela rua de asfalto no bairro da Penha em São Paulo e
saía com o braço estendido para o alto imitando o maior jogador que vi vestir a
camisa alvinegra de Parque São Jorge.
Eu tinha muito orgulho de ir para a escola ainda cursando o
ensino fundamental e dizer para os meus amigos e adversários que o maior craque
do futebol paulista jogava em meu time de coração e na seleção brasileira que
só aprendi a amar por causa de gente como você e o Zico.
Na manhã de 4 de dezembro quando soube pela tevê da sua
morte Magrão, tive a estranha sensação de que por um instante haviam roubado
parte da minha infância, as melhores lembranças do futebol, as minhas primeiras
idas ao Pacaembu ver o Sócrates ao lado do meu pai, tudo aquilo que magicamente
cercava minha cabeça durante toda a vida, parecia ter sumido. Não é verdade, as
lembranças sempre estarão aqui, mas é que a saudades de uma criança parece doer
mais que a do adulto, e eu me vi de novo com 10, 11 e 12 anos tentando entender
o que estava escrito na camisa do Corinthians, o que significava a palavra
democracia? O que era aquilo de fato e alguns anos depois quase na vida adulta,
percebi o quanto o Sócrates era genial dentro e fora dos gramados, aí então
passei a ouvi-lo com mais atenção e não apenas pela admiração futebolística.
Como eu gostaria de ter estado no Pacaembu naquele circulo
central e levantar o braço junto com os jogadores em homenagem a você Dr.
Sócrates, mas na minha casa em meio a lágrimas que eu covardemente tentava
conter e não conseguia, eu também te homenageei na minha memória.
Não foram poucas às vezes que eu vi você numa entrevista
dizer que não tinha jogado tanto assim, a ausência de vaidade era mais um fator
de glória em sua vida. Você jamais falou de si
mesmo, mas os grandes do futebol falaram; eu vi o Zico dizendo do prazer
que era tocar e receber a bola dos seus pés, eu ouvi Michel Platini
reverenciá-lo, vi o capitão da seleção italiana de 1982 Dino Zoff falar que o
mundo perdeu um grande e nada disso está ligado a paixão clubística que você
conseguiu passar por cima e por que não citar o craque sãopaulino Raí que disse
inúmeras vezes que o seu irmão era muito acima da média mundial.
Vou guardar para sempre imagens a seu respeito, mas algumas
delas com mais carinho como as vezes que vi você cantando o hino nacional com a
mão no peito e sabendo toda a letra do início ao fim e hoje vejo meu filho de 4
anos dizendo que quer aprender a cantar o hino, com certeza vou ensiná-lo com
muito carinho.
Outra imagem será você no palco do movimento “diretas já”
bradando palavras de ordem, esperança e convicção e mostrando que o
futebol pode ser muito mais que o ópio
do povo.
E por fim dois gols, um no jogo contra a União Soviética em
1982 quando perdíamos por 1 x 0 e você pegou uma bola na diagonal da esquerda
pra direita, driblou dois adversários e mandou um pombo sem asa na gaveta do
Dasayev empatando a partida e saiu comemorando com o braço erguido abraçado por
todos os jogadores que te admiravam como grande capitão.
E para terminar, o gol na final do campeonato paulista de
1983 contra o tricolor, quando o Zenon domina a boa na entrada da área, espera
você passar e ironicamente toca de calcanhar como você fazia e na passagem
entrando na área, com frieza e classe você toca no canto do grande Valdir Perez
e faz o gol do título com a massa ensandecida.
O mundo conheceu um homem comum, simples, bem magro, alto que sabia usar os pés e a cabeça como poucos em todos os tempos. Com os pés Deus não me deu o seu dom, mas eu prometo que com a cabeça eu vou me esforçar, aliás, já venho me esforçando desde adolescente para entender e discutir um mundo melhor.
Se eu tivesse algum poder dentro do Sport Clube Corinthians
Paulista, a camisa 8 seria eternizada num monumento na porta do Parque São
Jorge.
Obrigado Dr. Sócrates por ter me dado a magia que toda
criança precisa na infância!
Anderson Dias é bacharel em comunicação, pós-graduado em comunicação e marketing, apaixonado por futebol.
Para saber um pouco mais sobre o Doutor Sócrates, clique no link abaixo e assista ao filme: "Ser Campeão é Detalhe: Democracia Corinthiana". Vale a pena!
Sócrates era incrível! Futebol-arte de primeira qualidade. Hoje os corintianos padecem com tipos como Jorge Henrique, que ao invés de fazer gols muitas vezes prefere dar socos no ar! Cada época têm os craques ou pseudo-craques que merece! Hahahaha... Pra cima deles, Timão!
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