El Clásico (Português: O Clássico) é o maior clássico da Espanha, conhecido também como "El derbi español" e que envolve as equipes do Real Madrid e do Barcelona.
A rivalidade entre estes clubes transcende os campos futebolísticos, dado o Real Madrid CF representar psicologicamente a realeza e o poder centralizador de Madrid e o FC Barcelona representar a cultura, o povo catalão e o seu desejo de autodeterminação, com todas as variáveis que pode haver nesse desejo.
Daí a intensidade desta rivalidade, pois diferente da maioria dos países onde os principais clássicos envolvem clubes da mesma cidade, a rivalidade deste clássico envolve filosofias de entendimento políticas distintas e contrárias, e talvez por isto, seja o clássico de maior rivalidade da Europa. Ambos os clubes se odeiam mais do que aos rivais citadianos - o Atlético de Madrid (Real Madrid) e o Espanyol (FC Barcelona).
Segundo algumas interpretações, o ditador Francisco Franco tolerava as manifestações pró-Catalunha nas partidas do Barcelona, onde costuma ser cantado o hino da Catalunha e desfraldadas diversas bandeiras catalãs, pois seria mais fácil controlar os manifestantes reunidos em um estádio de futebol do que espalhados pelas ruas.
Lucas Ayres, sempre antenado com tudo o que está acontecendo na Liga dos Campeões da UEFA, conta para você leitor internauta, tudo o que ocorreu no último jogo entre as duas equipes, em partida das semifinais do importante torneio, disputada na última terça-feira, 3 de maio, no Camp Nou. Acompanhe:
Texto de Lucas Ayres:
Há algo de mágico em clássicos. Existe uma atmosfera que transcende as quatro linhas, fazendo cidades pararem e torcedores mudarem seus ânimos. No campo de jogo, há sempre a impressão de que independente do resultado, nada está resolvido.
Barcelona e Real Madrid fizeram neste último dia 3 de maio um clássico desse nível. O jogo valeu pela rodada de volta das semifinais da Uefa Champions League.
No primeiro jogo, grande vitória do time catalão por dois a zero, em Madrid. O time poderia até perder para se classificar. O rival necessitava de pelo menos uma vitoria também por dois a zero para levar o confronto para os pênaltis.
O Barça foi escalado no tradicionalíssimo 4-3-3 com o volante Mascherano improvisado no miolo de zaga e o zagueiro e capitão Puyol improvisado na lateral-esquerda. Xavi, Iniesta e Busquets no meio; Messi, Pedro e Villa no ataque.
Já o Real foi a campo modificado novamente, no esquema 4-2-3-1, ofensivo, com a presença de Kaká, Dí Maria e Cristiano Ronaldo no meio.
Foi à tática que dinamizou a partida por quase 90 minutos. Isso porque o time visitante veio bem montado, marcando forte no campo ofensivo. Nos 5 minutos iniciais, o Barcelona não tocou na bola, até começar a se ajustar ao jogo.
O panorama tático do primeiro tempo foi esse: o Real Madrid aproximou seus meias e volantes um pouco à frente da linha do meio campo para marcar a saída de bola do Barcelona, que recuou seus armadores, Xavi e Iniesta, para dar uma assistência a essa saída. Messi, isolado, passou a posicionar-se no meio campo para participar mais e com Villa e Pedro bem abertos, dando profundidade ao time e prendendo os zagueiros a área, o meia-atacante argentino teve muito espaço para jogar nas costas dos volantes.
Esse espaço proporcionou vários ataques do camisa 10 do time catalão, mas sem apoio dos meias e dos atacantes, muito distantes, alguns deles não eram finalizados.
O time madrilenho apostou na qualidade de seus jogadores: tanto nos de defesa para dar o combate às ofensivas do rival; quanto nos jogadores de ataque, para criar chances. Esses jogadores de ataque, porém, estavam muito distantes um do outro, impedindo qualquer presença ofensiva do time.
A situação foi a mesma até os 30 minutos de jogo, quando o Real Madrid começou a cansar e dar espaço aos avanços do meio campo do Barcelona, que fez o goleiro Casillas trabalhar bastante até o apito do juiz.
Para o segundo tempo, os times não mudaram de jogadores, mas de postura. O Real voltou a marcar forte no ataque e avançar com a bola no chão. O Barça contornou a situação com bom toque de bola e posicionamento, aumentando o espaço às costas dos volantes, possibilitando novamente o avanço dos armadores ao campo ofensivo.
Assim, o time da casa não tardou a abrir o placar: belo passe de Iniesta para Pedro, que sozinho contra o goleiro finalizou bem para o gol.
Após o gol, os visitantes ficaram mais ansiosos, dando mais espaços aos adversários. A situação fez o auxiliar técnico Aitor Karanka (batendo o cartão para José Mourinho, expulso no primeiro jogo) mexer no time: Özil, meia alemão com maior disposição defensiva, entrou no lugar de Kaká, dando mais mobilidade ao meio campo. O togolês Adebayor entrou no lugar de Higuaín para dar mais força ao ataque.
As mudanças deixaram o time melhor, que conseguiu empatar: após ter bela jogada finalizada na trave, o meia Dí Maria pegou o próprio rebote e tocou para Marcelo, dentro da pequena área, completar para o gol.
O empate animou os galácticos, que precisando de mais dois gols, continuaram na correria. O técnico Pep Guardiola tratou de mexer nos “culés”: o volante Keita entrou no lugar de Villa para reforçar a marcação e melhorar o toque de bola.
Sem conseguir produzir mais, o Real acabou “desistindo” ao final do jogo, esfriando o embate até o apito final.
Um pouco antes, porém, uma bela homenagem: o lateral-esquerdo Abidal, recuperado de cirurgia de remoção de tumor no fígado, foi a campo para ser ovacionado pela torcida blaugrana.
Fim do jogo e da maratona de clássicos. Quatro jogos de muito futebol, emoção e polêmicas, com conclusão equivalente à grandiosidade dos rivais.
Lucas Ayres, especial para o "No campo de jogo".
Clique no link abaixo e confira os melhores momentos da partida entre Barcelona e Real Madrid (1 x 1):
Barcelona 1 x 1 Real Madrid pela semi final da liga 03/05/2011
Crédito das imagens: UEFA Champions League/ youtube
O futebol espanhol é espetáculo puro! São artistas da bola verdadeiros que vestem as camisas de Barcelona e Real Madrid, sobretudo. Belo texto, Lucas! Infelizmente, por aqui, temos de conviver ainda e por muito tempo com a mentalidade tacanha dos Dentinhos, Ronaldos, Rivaldos, Valdivias, Gansos, Neymares e Liedsons da vida! Craques com a bola nos pés, mas sempre oportunistas nas atitudes.
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